Accueil » Outra para si mesma

Outra para si mesma

O S(Ⱥ) designa o gozo feminino. Sejam os analisantes homens ou mulheres, essa é a bússola que orienta o tratamento analítico em sua política. As dificuldades porém, colocam-se de formas distintas. Se do lado Homem da Tábua da sexuação ocorre a resistência em abrir mão do gozo fálico e deixar cair o objeto da fantasia para aceder ao gozo do Outro, do lado Mulher, o que surge é a dificuldade com o próprio gozo fálico, que oferece certa garantia de existência, como proteção ao desvario do Outro gozo.

Na condução da análise do falasser, chegando-se ao furo no saber, o nãotodo, o radicalmente Outro, a diferença se dissipa, já que o impasse não se coloca mais entre escolher um gozo ou outro, ser homem ou ser mulher, mas de articular um e outro gozo de forma borromeana. Diante da substância gozante que ex-siste, o falasser inventa-se como Outra para si mesmo. Real, simbólico e imaginário se rearticulam de forma inédita e singular. 

Verificamos na clínica que não há feminino sem que se assuma a castração, o que nos coloca diante da distinção entre neurose e psicose, mesmo no último ensino de Lacan. Joyce, o paradigma da psicose ordinária, revela que em sua estrutura há uma decisão do ser sem atribuição do Outro. O empuxo-à-mulher não é o feminino, lição fundamental para o diagnóstico diferencial, inclusive no campo das psicoses.